“As calças do Sr.”

Tem uma questão que abala totalmente todas as minhas teorias, milimetricamente fundamentadas sobre o que passa pela cabeça de seres específicos quando, na primeira hora do dia se vestem para ir labutar. Pode parecer fútil, mas na realidade, é muito sério, sério mesmo, porque eu pensava honestamente que a cultura de se vestir de uma forma que só posso descrever como bizarra, fizesse parte apenas da população de seres que são abstraídos dos formigueiros submersos em Pendotiba, onde eu: linda e loira, pego um ônibus que me proporciona viagens que só podem ser descritas como parte de um universo alternativo, onde não existem regras básicas de etiqueta, nem educação e onde provavelmente, não existe espelho também.
É sério, porque só pessoas desprovidas de qualquer tipo de possibilidade de observar um reflexo podem sair daquela maneira de casa, afinal, quantas milhões de vezes eu vou precisar dizer que blusa de cotton laranja trançada nas costas não é apropriado para nenhum ser, quanto menos para uma “senhora” que está 30 kg acima do seu peso? Ou será que ninguém avisa para essas mulheres que nem a Juliana Paes que ganhou rios de dinheiro na capa da Playboy, se sente no direito de ir trabalhar com uma “cinto-saia” jeans, quanto menos pessoas desprovidas de qualquer senso crítico sobre o próprio corpo? Pois é, mas eu, vivia na ilusão de que pelo menos os “ricos e famosos” iriam ter a sacada genial de contratar um stylist (caso não pudessem contar com o bom gosto nascido e criado da mamãe natureza), pois bem, estava enganada, enganada é pouco, estava ultrajada, iludida, e agora pasma.
Preciso resolver o mistério, como alguém tão bem provido de dinheiro no bolso, pode ser tão, mas tão desprovido de bom senso, os dias passam, o tempo voa, e as calças continuam as mesmas, surradas, batidas, e IMPRÓPRIAS!
Fico tentando disfarçar e esconder minha indignação e espanto, mas se torna cada vez mais difícil, ao avistar as benditas vou me contorcendo na cadeira, escorregando, as mãos ficam suadas, e na minha garganta coça, na tentativa de conter as palavras que imploram para sair:” What the hell is that?”, por quanto tempo irei agüentar, pressinto que vai ficar cada vez mais difícil, cada dia que passa me torno mais e mais insuportavelmente crítica, Oh mon dieu ! Bien, c'est la vie...